segunda-feira, outubro 29, 2012

A salinização das águas e das terras no Açu

A divulgação do relatório da pesquisadora da Uenf, Marina Suzuki sobre as condições das águas na região do Açu, em amostragens feitas, no dia 29 de setembro, veio confirmar as desconfianças citadas em extenso artigo, postado aqui neste blog, no dia 12 de setembro, cujo título foi: "A mudança da paisagem e a ocupação a partir do Açu".

Segundo as informações, as amostras foram coletadas pela pesquisadora e sua equipe, diretamente do poço ou do corpo d'água em oito diferentes pontos. Os valores de condutividade elétrica e temperatura foram utilizados para a estimativa de salinidade. 

Se os poços e corpos d´água estão contaminados o solo também deve ter sido afetado, não apenas, no local em que a areia retirada do fundo do mar, para a implantação do canal de atracação dos dois terminais do porto, o TX-1 e o TX-2.

Observando algumas imagens sobre o Complexo do Açu que o grupo EBX divulgou na semana passada, para investidores, é possível identificar a origem do problema de forma aérea, visual e bem esclarecedora do problema:









Sobre o assunto este blog disse em sua postagem do dia 12 de setembro:

"Impactos ambientais, sociais e econômicos"
"Também assusta a quantidade de areia, a altura por conta do que ele representa de escoamento das águas, num projeto de macrodrenagem que é pouco ou nada conhecido que, pode atender ao empreendimento, mas, precisa também proteger e não impactar as terras e a população que vive no seu entorno, com riscos de alagamento nos períodos de cheias daquela baixada. 

Há desconfianças de que a salinidade da água escoada desta areia pode estar trazendo para o lençol freático desta região, com impacto também para o solo, e ainda para as lagoas (Iquipari, Salgado e mais adiante a do Açu) e ainda para o Rio Água Preta, com consequências também para a fauna, além de todos os impactos para a agropecuária. 

Circula entre os moradores comentários sobre efeitos já identificados dos impactos desta salinização. A empresa, nas exigências de mitigação ambiental assumiu compromissos em monitorar estas águas, mas, nada se sabe sobre os resultados deste processo.

Todo este novo quadro vem agora alterando mais significativamente a paisagem naquela região, nas localidades de Água Preta, Mato Escuro e Açu."

4 comentários:

Anônimo disse...

Impressionante essas fotos, altura imensa desse aterro. Como ficam as comunidade abaixo desse aterro, não serão afetadas? Toda essa água é salgada? Ela não é absorvida pelo solo? Que dano ambiental em?

Anônimo disse...

Qual a postura do poder público com relação ao problema????Eles ainda não se pronunciaram, o q vai acontecer com as pessoas que moram ali perto,quanto descaso é uma falta de respeito tremendo com o ser humano e com o meio ambiente....

Anônimo disse...

Aterro hidraulico é uma tecnologia construtiva utilizada a muito tempo e certamente não foi inventada pelo Sr. Eike. Quem conhece o processo sabe, a agua retorna ao seu local, através de canais de retorno. Dizer que a salinidade aumenta devido a isto é de uma falta de conhecimento técnico impar.

Outro erro é dizer que essa agua vem do "fundo do mar", uma vez que essa areia está sendo retirada em terra para a criação do canal de acesso onshore.

Quanto a dizer que o projeto de macrodrenagem não é conhecido, que pesquisadores são esses que não buscaram as informações no INEA? Para se obter o licenciamento ambiental foi preciso ter projeto de macrodrenagem para toda área. Alias, os mesmos pesquisadores encontrariam no INEA o plano de macrodrenagem de toda região de São João da Barra, e não apenas desta área.

Roberto Moraes disse...

Sobre o comentário das 07:23:

Bom que a empresa pudesse se manifestar nominalmente e não desta forma.

São legítimas as defesas e necessárias as explicações por parte do empreendedor e seus prepostos, quaisquer que sejam eles.

Há aterro hidráulico sendo feito com areia da região do TX-2 e há outro sendo feito, segundo informações, com areia do canal de atracação para o TX-1 e TX-2.

A diferença na coloração e na granulometria de areia dá para perceber a diferença.

Os primeiros aterros hidráulicos, quando não existia, ainda, a construção do canal que corta o Veiga era deste tipo.

Quanto ao questionamento sobre s informações sobre a macrodrenagem, creio, que chegamos ao ponto essencial, da questão.

Mesmo que os requisitos técnicos tenham sido cumpridos para o(s) licenciamento(s), nem todas as informações são disponibilizadas e acessíveis aos leigos e mesmo, aos técnicos e pesquisadores.

O caso da macrodrenagem é uma delas.

Se há a informação e ela está disponível porque não repassar, porque não disponibilizar, se não há nada para ser escondido, nas páginas das empresas, como fazem com as propagandas e os releases destas sobre os empreendimentos?

É natural que os questionamentos sejam expostos para que as explicações fossem, oficialmente, divulgadas.

Não é isso o que se tem.

Este professor e blogueiro serve de exemplo da falta e das dificuldades de acesso às informações.

Por diversas vezes fui contactado por pessoas da comunicação da holding (EBX)conversando sobre questões aqui levantadas.

Na oportunidade solicitei diversas informações e, elas são desprezadas.

É fato que não há um diálogo construtivo.

Aparentemente, percebe-se que há tentativas de cooptação e submissão, mas, não de diálogo construtivo.

Os moradores, para além dos proprietários que têm litígios e contenciosos, referentes às desapropriações e outros, têm cada dia mais reclamações.

Elas precisam ser ouvidas.

A relação com a população não deveria ser comprando espaços de propaganda na mídia corporativa, divulgando e fazendo marketing empresarial e sim, construindo canais de comunicação que permita a conversa bilateral.

Assim, os resultados poderiam ser menos desastrados.

Esta conversa aqui pelos comentários, com o blogueiro identificado e com o interesse de levantar, debater assuntos que considera relevantes para a comunidade e de outro lado, prepostos e/ou defensores do empreendimento se escondendo e desfazendo destes questionamentos, da forma como faz, não parece ir na direção que se apregoa.

O blog e o blogueiro, como sempre continuam abertos ao diálogo, mas, desde que haja espaço para uma interlocução que pressupõe, falar, mas ouvir, prestar informações, aceitar questionamentos e compreender que há a comunidade, dos mais humildes, aos mais escolarizados exigem respeito.

Nesta linha avanço na provocação: apresentem publicamente todos os documentos dos projetos de macrodrenagem e da proposta de reformulação do Plano Diretor do município.