terça-feira, outubro 09, 2012

"Voto, o limite de consciência"

O candidato a prefeito pelo PRP, José Geraldo M. Chaves, enviou ao blog um texto solicitando sua publicação:

"Caro Roberto, sendo leitor do seu blog, resolvi encaminhar um artigo meu com breve análise dessa eleição, para a sua avaliação e publicação, se achar interessante. Estou á sua disposição.
Att.: JOSE GERALDO (44)."

Vi que este mesmo artigo foi publicado hoje cedo pelo blog do jornalista Fernando Leite. Ainda assim, julgo que o José Geraldo, merece ter o espaço para colocar a sua posição, depois de ter enfrentado com coragem e disposição o tumultuado processo eleitoral local.

Entendo suas colocações, mas, não concordo com os questionamentos sobre a escolha da população, mesmo que eu tenha posição da divergente da maioria.

O processo eleitoral pressupõe um debate político anterior, antes do processo eleitoral que é quando se constrói a base social que pode sustentar ideias e propostas que conduzem uma forte candidatura.

O caso da força da máquina, mesmo que seja comum a outros municípios, ela tem na nossa cidade e em outros da região, em condições financeiras similares, bases que ampliam as exigências da politização da base política para gerar na população a percepção de que a mudança é o melhor caminho.

Desculpe o Zé Geraldo pelas considerações, mas, entendo que é o debate que ele busca e por isto me senti à vontade para fazê-lo junto da publicação do seu artigo.

"Voto, o limite de consciência"
"Para analisar os resultados das eleições de Campos, é necessário ser um pouco cientista e sociólogo político, além de municiar-se de profundo conhecimento das mazelas sócio-econômicas de nossa população de todas as classes sociais.

Não me atrevo a dizer que tenha tais predicados, mas como candidato que fui, e em face dos questionamentos que fiz publicamente cobrando aquelas ações do poder público não realizadas, esperava pelo menos estar provocando nas classes sociais mais esclarecidas uma reflexão sobre o que queremos construir e deixar de legado pras nossas gerações.

Nas minhas andanças pela cidade, periferias e distritos de Campos pude constatar que mais de 75% da nossa população, que é pobre, de tudo, não recebe hoje, agora, nesse instante, o mínimo dos serviços públicos básicos e de responsabilidade do gestor público daqui.

Achava que eu estivesse começando a tirar as pessoas da letargia social em que se encontram e chamá-las pra enxergar uma realidade social preocupante, quando eu reclamava na televisão. Ledo engano. As urnas mostraram que nós preferimos fazer o papel do avestruz em perigo: esconder a cabeça e deixar todo o corpo de fora e exposto ao perigo, achando, com esta atitude, que o perigo havia passado.

Permitimos que sejam construídos guetos sociais pra todo lado e não queremos sair da nossa zona de conforto. Depois, como tenho dito de nada adianta andarmos de carros blindados, cercas elétricas, vigilâncias 24h, cobrar do Estado a segurança e todo o resto. Estaremos sendo cobrados nas ruas e esquinas à todo momento, pelos moradores dos guetos que construímos a com nossa apatia.

A análise simples dos resultados das urnas nas tais zonas eleitorais da pedra (teoricamente pessoas dotadas de melhor cultura, nível social e riquezas), indica que mesmo elas possuem um limite de consciência social que pode ser traduzida por um limite real inteligível, por uma dependência absoluta do poder, por um limite de capacidade de sobrevivência sem essa alternativa e/ou por puro medo da mudança, aquele mesmo medo que leva os menos esclarecidos (aqueles mesmos 75%) a repudiarem essas mudanças por temor do desconhecido, ou de perder pequenas conquistas momentâneas.

Essas pessoas preferiram o continuísmo perverso e incompetente para construir e gerir o futuro seu, de seus filhos e netos. Não há outra justificativa menos razoável pra explicar a aprovação do governo atual por essas pessoas como o provado nas urnas onde elas votam.

Compare você mesmo: na 249ª Zona Eleitoral: do Turfe, Jockey, Penha, Pq. Aurora, IPS, etc.; com 46.037 eleitores (13,4% do total), 62,79 % aprovam o governo; Na 99ª Zona Eleitoral: do Centro para a Lapa e Turfe Clube; com 37.302 eleitores (10,8% do total) 56,23% aprovam o governo; na 98ª Zona Eleitoral: área urbana da Rua 13 de maio, nos limites da Avenida 28 de março até a Pecuária; com 52.559 eleitores (15,3% do total) 50,71 % aprovam o governo.

Mesmo aqueles mais jovens, facebookeiros, não conseguiram mudar muito seu pensamento sobre escolhas políticas e a importância de votar limpo, o que significa criticamente votar e tomar atitude consciente, porque é o processo político que irá interferir na sua vida, no presente e no futuro. Talvez aí resida a importância de uma boa educação de base, mesmo aquela oferecida nas escolas particulares de nossa cidade, que precisam fazer uma reflexão da qualidade e profundidade do ensino oferecido. E não é aquele oferecido pelo gestor público daqui que lhe servirá de paradigma.

Nós, pais e educadores, precisamos mudar esse limite de consciência decisória ou intelectiva. Já passou da hora, e as urnas refletiram isso aqui.

José Geraldo M. Chaves (candidato a prefeito, engenheiro, empresário e bacharel em direito)
Email: jgmchaves@ig.com.br."

25 comentários:

Anônimo disse...

Resumindo = Recalque em forma de texto preconceituoso.

Anônimo disse...

Essa constatação do José Geraldo vem se confirmando nas últimas eleições.

Nas últimas eleições, as vias alternativas (e não incluo o PT nela o PT é fisiológico, igual ao Garotinho), com pessoas que realmente se propõem a governar de forma correta, não conseguem mais do que 10.000 votos em Campos

Mesmo as pessoas teoricamente mais esclarecidas, em sua maioria, ultimamente vêm votando por interesses particulares.

Pessoas mais esclarecidas sabem o que a turma do Garotinho faz no Governo. Sabem dos desmandos e da malversação que reina. Não estão sendo enganadas. Mas mesmo assim votam neles. Votam conforme seus interesses particulares: cargos pela janela, participação em licitações, etc

Na verdade, está tudo dominado. Até inimigos históricos dos Garotinhos, declararam voto para a Rosinha. Usineiros, comerciantes, industriais, representante de lojistas.

Teremos, mais quatro anos o Governo que merecemos.

Pelo orçamento de campos, muito, mais muito mais coisas poderiam ter sido feitas em proveito da população. Mas não será. O povo contará apenas com uma parcela, pois a outra está destinada aos projetos de poder dos garotinhos.

Ahmed Gibril disse...

Sr. José Geraldo:

Orgulho-me de ter votado no senhor e agradeço pela tremenda emoção em ter visto em tí, desconhecido para mim, um verdadeiro leão nos debates.

Para mim, o senhor expressou uma veemência tão consistente, que através de sua postura na campanha à prefeitura, revelaste ser uma figura política que não pode ficar afastada do quadro político local, pois qualidades foram reveladas e tais qualidades, são um dom pelo qual os políticos verdadeiros fazem-se presente, tornando-se incomodativos, quando as verdades são proferidas, contrariando aquilo que a "situação" tenta maquiar.

Fico triste em perceber, que a pobreza, tão cheia de mazelas é algo confortante aos objetivos dos políticos sem compromisso com o real progresso que a nossa cidade necessita, e rogo para que futuramente, haja maior entendimento para que as pessoas, oprimidas pelo populismo interesseiro, possam politizar-se como verdadeiros cidadãos, cobrando daqueles que possuem o efêmero poder em suas mãos, as verdadeiras mudanças capazes de transformar nossa cidade de um curral político para uma metrópole auto sustentável e digna a todos.

Finalizo, dizendo-lhe que no último debate da T.V, o senhor foi chamado de "Bozo", por uma figura política muito conhecida e que chega a ser um tanto folclórica e patética.

Em verdade, ser chamado de "Bozo", aquela figura tão carismática que elegrava as manhãs das crianças na década de 80, é algo engrandecedor, visto que o mesmo era um palhaço, mas um palhaço que possuía o respeito, dignidade e a missão de tornar as manhãs das crianças alegres e criativas, entretanto, quero deixar claro, que há aqueles que preferem ser tratados como "políticos", mas que verdadeiramente, não passam de verdadeiros palhaços sem qualidades, descompromissados com a verdade e com o que há de mais nobre num processo eleitoral: o povo que possui o poder do voto, que quando feito de forma consciente, torna os "infantes" políticos, desarticulados.

Abraços fraternos.

Anônimo disse...

Excelente reflexão....

Antonio Rangel disse...

Apesar de ter votado em Makhoul como já havia declarado neste blog meses atrás, fi-lo principalmente pela força da coligação, e por representar a melhor opção para tentar destronar o reinado dos “inhos”, devo admitir, no entanto que o candidato Geraldo 44 foi a grata surpresa desta eleição, acompanhei com entusiasmo todos os debates, tendo-os gravados em DVD. A contundência de sua oratória, a firmeza de conteúdo nos questionamentos fez-me sentir plenamente identificado, compartilho integralmente com sua indignação perante este governo municipal.

Vá em frente Geraldo 44, cidadão, engenheiro e bacharel em direito.
Tens futuro, seu lugar está assegurado no cenário político local.

Com os cumprimentos de Antonio Rangel.

Anônimo disse...

Nas campanha da Rosinha, inclusive nas passeatas, via-se muito carros caros, inclusive importados. Carros que custam mais de cem mil reais, BMW, mercedes, hyundai. Dezenas de Hilux.

De onde vem tanto dinheiro?????

A mamata vai continuar por mais quatro anos.

Anônimo disse...

Sera que apos a derrota a prefeitura do Rio e estando politicamente derrotada cabera agora fazer ensaios fotograficos a Clarissa Matheus?

Anônimo disse...

Esse município carece de ética geral.
Odiavam Rosinha a quatro anos atrás, eram todos "adeptos" de Arnaldo e Mocaiber.
Após a manutenção dos 35 mil cupinchas na prefeitura, todo mundo que odiava Rosinha passou a adorar Rosinha. Um povo que não se vende ? Sei não !

Anônimo disse...

Ele é engenheiro civil?

Pedro Paulo disse...

Definitivamente.
MAIS MISERÁVEL, QUE A MISÉRIA, É A SOCIEDADE QUE, POSSIBILITA SUA CONTINUAÇÃO(da miséria)". Sendo certo que a miséria se perpetua, na sociedade, através de maus políticos, como o que estamos vendo em Campos, de 1988, para cá. Apesar da riqueza, oriunda dos royaltes,temos aqui em Campos, aproximadamente 75%, de pobres ou miseráveis.Por isso continuam votanod na política do R$1,00 e do descarado assistencialismo.

Gustavo Alejandro disse...

Não é uma boa estratégia subestimar a inteligencia do eleitorado, se é que Geraldo pretende continuar a fazer política.

O que ele deveria entender, é que se votou pela continuidade porque, segundo a percepção de todas as faixas sociais campistas, este governo fez muito mais do que os anteriores, que apenas roubavam.

As escolhas do povo respondem à satisfação de seus interesses imediatos, em geral. Para mudar esse critério de escolha, é necessário fazer muita política, e não apenas uma campanha falando bonito.

Anônimo disse...

O povo votou pela continuidade sim.

Mas a continuidade representará um orçamento muito mal administrado.
Muito mais poderia ser feito com um orçamento de mais de R$6.000.000,00 por dia!

Não se vê esse dinheiro todo no município.

A Prefeitura paga muito caro por tudo que adquire! Tudo muito caro!

É ela!! A gulosa! Mais quatro anos!

Anônimo disse...

Concordo com o Gustavo.

Anônimo disse...

A história se repete há 2045 anos!

Mais uma vez, o povo escolheu: BARRABÁS!!!

A voz do povo é a voz de Deus?

Blog Católico do Leniéverson disse...

"Não é uma boa estratégia subestimar a inteligencia do eleitorado, se é que Geraldo pretende continuar a fazer política.

O que ele deveria entender, é que se votou pela continuidade porque, segundo a percepção de todas as faixas sociais campistas, este governo fez muito mais do que os anteriores, que apenas roubavam".

Respeito a sua opinião, mas discordo radicalmente. Não há como se fazer oposição com políticas populistas comprando votos, mantendo a população "de quatro" e no cabresto.O que muitos comentaristas e até blogueiros, não estou falando do professor Roberto Moraes, é que não adianta fazer tentar vias alternativas sem o apoio jurídico, tirando as ervas daninhas do poder.
Agora, particularmente, não gosto quando as pessoas dizem que ELA fez mais que os antecessores. Afinal, ela fez mais para quem ou para que?Foi superfaturado?As obras são de boa qualidade? Enfim, não subestime a capacidade crítica negativa de quem pensa diferente das ideias dos Garotinhos.
De fato, precisa-se pensar, para que eleições, se o povo, segundo Gustavo, a$$imilou e achou "ótima" a ge$tão da Rosinha?Ou vc esqueceu que esse grupo governa a cidade há 24 anos.Chega, não?
Concluindo, só a justiça nos possibilitará a alternância de poder e, se houver, novas eleições, diferente do que os aduladores militantes virtuais, dizem nos blogs, a situação não tem outro candidato a altura para substituir Rosinha.

George Gomes Coutinho disse...

Concordo com o Gustavo sobre a questao de não subestimar a inteligência do eleitorado... É realmente um caminho perigoso para quem decide enveredar na política de fato. Questão espinhosa diante de nosso método para escolher governantes: a eleição. Afinal, a única participação efetiva e ampla da populaçao no processo político formal é justamente naquele momento de apertar as teclas da urna eletrônica.

Também acho que o anônimo que comenta sobre os "interesses particulares" indica a ponta do iceberg sobre o problema. Continuo batendo na tecla de que há um fantástico aparato clientelista que é transversal a todas as classes em Campos.

Não atinge a totalidade dos indivíduos evidentemente. O que explica os 30% dos votos válidos "descontentes". E nem eu tenho absoluta clareza se os interesses do grupo de "descontentes" é tão diametralmente diverso dos interesses dos "ajustados".. caberia pesquisa aí...Mas, maniqueísmos ou presunção de superioridade moral??? NÃO! Ao menos não para a totalidade dos 30%.

Prosseguindo, este clientelismo transclassista gera laços de dependência inegáveis que vão desde o empresariado até as camadas subalternas. Portanto, a tese dos interesses é válida: agrupamentos sociais pagam suas contas diárias a partir da concessão de favores, trânsito com os grupos de poder local e acordos que invariavelmente transgridem qualquer princípio de "bom governo". A máquina do poder e dos royalties para o núcleo orgânico dos eleitores de Rosinha nesta eleição é tão somente uma via de garantia de sobrevivência material no curto prazo. São keynesianos sem saberem: no longo prazo estaremos todos mortos. Me parece que no médio também. Neste sentido, preocupar-se com as futuras gerações não passa no rol sequer da última das prioridades. A prioridade, no caso da classe A enredada por esta rede clientelista, é pagar as taxas condominiais, IPVA de seus carros importados emplacados no ES, etc..

Por fim, em virtude dos meus argumentos, acho que é um tanto ingênuo apostar que há uma percepção positiva objetiva sobre a qualidade da administração local. Justamente a dependência material diretamente vinculada aos designios de grupo de mandatários no poder impede qualquer avaliação objetiva sobre qualquer coisa. Em suma, os partidários verão as obras do canal Campos-Macaé como "lindas", o trânsito "normal", o baixo índice do IDEB como responsabilidade das crianças, etc..

Abçs e também acho que o Zé Geraldo é uma liderança possível e importante em um cenário próximo se apostar em tornar ainda mais robusto seu aparato analítico.

Anônimo disse...

Colega Leniéverson, sem falar que o orçamento na época de Arnaldo era de aproximadamente R$400 milhões e hoje é de R$2.200 (dois bilhões e duzentos milhões).Eles tem por obrigação fazer muiiiito mais e de qualidade.

Anônimo disse...

PERFEITA A DEFINIÇÃO DO GEORGES GOMES COUTINHO: "CLIENTELISMO TRANSCLASSISTA".

"este clientelismo transclassista gera laços de dependência inegáveis que vão desde o empresariado até as camadas subalternas."

É ESSE FENÔMENO QUE VEM DEFININDO AS ÚLTIMAS ELEIÇÕES EM CAMPOS DOS GOYTACAZES.

Clóvis de Almeida disse...

Pouco me interessa as teorias de viés esquerdistas ou direitistas de alguns comentaristas.

Concordo que Geraldo surpreendeu a todos e será um pedra no sapato dos "INHOS" et caterva.

Só por isso já me conquistou!

Anônimo disse...

Caro Roberto, o que busco é o debate sobre o que queremos construir aqui. Sei claramente que o blogueiro Gustavo comenta, aliás muito apropriadamente sobre subestimar a inteligência do eleitorado e sobre o continuísmo como risco de perda. Parabéns para os que o seguem e sei, são muitos e de alto nível, e é exatamente aí que queremos implantar e fazer fertilizar novas idéias... Observei os seus comentários iniciais e oportunos. JOSEGERALDO44.

Roberto Moraes disse...

Olá Zé Geraldo,

A quantidade de comentários e a variedade de abordagens mostrou como sua postagem acabou por suscitar o debate que você e o blog almejam.

O espaço está aberto para prosseguirmos debatendo.

Sigamos em frente.

Abraço.

Anônimo disse...

Ajudaria bastante se o Zé Geraldo não usasse sua primeira pergunta no debate para demonstrar total desconhecimento da lei de licitação e, posteriormente, dizer que a UENF está quebrada e é uma vergonha.

Marquito disse...

Sinto cheiro de bate paus de "INHOS" no ar. Deleta comentário das 9:23.
Vcs por aqui não são bem-vindos.

Inseticida neles professor!


Anônimo disse...

Sou o anônimo das 9:23. Funcionário da UENF e eleitor do PSOL desde a sua fundação. Não apoiar a Rosinha não me faz gostar do Bozo.

Com o George deu a deixa, não há só dois lados nessa moeda.

Marquito disse...

Anônimo das 9:23 vc está contaminado pelo “INHOS” e não sabe! Até a peculiar terminologia lançada pelo deputado está usando. Tenho certeza que o colega de debates Shunk não concordaria se soubesse dessa sua referencia infeliz.

O Shunk e o Geraldo se notabilizaram nos debates contra o inimigo comum que se chama “INHOS”. Entendeu ou quer que desenhe?

Pretende dividir para confundir?

Quais são suas intenções? Comigo não cola.

Porque posta anônimo, teme alguma coisa?